sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Primeira crónica - O início da viagem



Ao chegar a Mascate sentimos imediatamente o calor do deserto. Apesar de serem quase 11 horas da noite no Sultanato de Omã , estão mais de 35 graus na temperatura do ar. A hospitalidade é a primeira nota , a limpeza e a organização seguem-se naturalmente, o sumo de tâmaras é extraordinário.

Quinhentos e dois anos, dia por dia , depois do momento em que Afonso de Albuquerque conquistou a cidade a caminho de Ormuz , a Embaixada Cultural portuguesa vem com o espírito de paz e desejosa de conhecer melhor os marcos da nossa presença e de aprofundar as relações pacíficas com o sultanato.

Hoje não vos falarei de Mascate, capital do Omã, essas impressões ficarão para a próxima crónica. Falo-vos de Curiate e de Calaiate. No primeiro caso podemos reencontrar a fortificação subordinada pelos portugueses que foi reconstruída nos anos 90 do século XX e que é, com as alterações do tempo e a ausência dos baluartes, aquilo que conhecemos através da imagem de António Bocarro no livro das “Plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do Estado da Índia Oriental”. Lá estão as palmeiras e tudo em torno. E foi com contida emoção que todo o grupo do Centro Nacional de Cultura pode ver claramente visto o que há muito anda fora das representações dos monumentos da presença portuguesa no mundo.


A partir de 10 de Agosto de 1507 o “terrível” Afonso de Albuquerque, com quatro centenas de homens e uma armada de seis navios, subiu a costa da Somália e chegou à costa meridional da Arábia, Socotorá, Calaiate, Curiate, Mascate, Sohar e Corfacão. As cidades conquistadas ou submetidas assentavam a sua prosperidade no comércio dos cavalos árabes e na ligação entre o trato do Mar Arábico, a Rota da Seda e o mercado do Levante e temos de nos lembrar ainda que o sul do Omã junto ao Iémen era no tempo dos romanos a mítica “Felix Arabia” onde as legiões não chegaram por falta de dromedários e onde se produzia e produz ainda hoje o melhor, o único, incenso do mundo. Essa resina designada como “ Lágrima de Deus” cujo cheiro inebriante nos acolheu quando chegámos ao nosso magnifico hotel de Mascate.

Mas por hoje deixo-vos apenas uma última nota : é que aqui, no Golfo Pérsico, lugar estratégico para o comércio com o Oriente, porta do reino do Preste João das Índias, visitado por duas vezes por Marco Polo, foi um outro português a ser enviado pelo Papa Inocêncio IV, Frei Lourenço de Portugal, 27 anos ainda antes de Marco Polo.

Os portugueses sempre em primeiro lugar na senda da aventura!

Crónica de Guilherme d’ Oliveira Martins

Fotografia: CNC/Helena Serra

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