segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Terceira crónica - Ormuz



“Afonso de Albuquerque nesse mês já distante de Setembro de 1507 , há quinhentos e dois anos , depois de ter conquistado Mascate, apontou para o seu objectivo fundamental : a conquista de Ormuz , cidade comercial e centro político que ligava o comércio da Ásia às rotas do Levante que iam do Mediterrâneo à Índia pelo Mar Arábico.

Já lembrei nestas crónicas que Marco Polo aqui esteve duas vezes e houve um português Frei Lourenço de Portugal que chegou a Ormuz ainda antes do veneziano .

Para Albuquerque , o controlo das entradas do sino Pérsico e do mar Roxo eram fundamentais para que o império português da Índia pudesse consolidar-se. Ormuz fica hoje no irão não o visitamos por segurança. O nosso objectivo foi visitar o sistema de defesa de Ormuz aproximando-nos o mais possível da costa iraniana. Instalamo-nos por isso na cidade de Khasab em Musandam ainda no Omã numa zona de montanha constituída pelas rochas sedimentares contemporâneas do Everest de formações singularíssimas resultantes do choque de duas placas tectónicas ocorrido aquando da explosão da Pangeia:

a Euro-Asiática e a Africana.

As montanhas do norte de Omã constituem um conjunto de fiordes que visitámos num cruzeiro de excepção a bordo do Sinbad, embarcação baptizada em honra do herói mítico do Sultanato de Omã. E essa viagem, em águas calmas e numa zona de alta segurança, permitiu-nos mergulhar na Ilha do Telegrafo onde os ingleses instalaram a base do cabo submarino em 1864, ver os mergulhões , os golfinhos e um fundo do mar absolutamente mágico com peixes e flora de mil cores . O horizonte da manhã não nos permitiu porém ver a costa do Irão e a ilha Ormuz, mas à tarde a neblina desvaneceu-se e vimos com emoção o desenho incerto da costa da Pérsia.

Em 24 de Outubro de 1507, Albuquerque começou a lançar os caboucos da nova fortaleza da cidade, mas nesse ano não teve condições para continuar. Só em 1515, o cavaleiro grande e forte Leão dos Mares, voltaria para tomar Ormuz por mais de um século. Tudo isso recordámos naquele momento especial , perante a costa do Omã , montanhosa , alcantilada, seca, constituída pela natureza por camadas implosivas e paralelas e à noite quando tudo escureceu abruptamente podemos recordar os habitantes Khumzar que dizem bandeira e batel que não nos receberam por causa do Ramadão. No entanto no século XVI foram os portugueses que os protegeram contra a ameaça dos persas .

A cidade de Khasab à nossa frente ficava iluminada pela lua bem cheia e bem presente.”

1 comentário:

  1. Gostei de ler e ouvir as crónicas do DR Oliveira Martins sobre a viagem que o CNC efectuou ao Golfo Pérsico na senda dos vestígios históricos das conquistas de Albuquerque.
    Pena não vos ter podido acompanhar desta vez.

    Otiliano Neto

    ResponderEliminar

Footer